A JORNADA DE ROBIN:

Bloco 9 - Admissão

Capítulo 25 - O rebelde

Assim que acordei, quis iniciar uma batalha com o Minun de antes para poder tê-lo na minha equipe, mas ele acabou entrando na pokébola sem resistir. Bem suspeito, de fato, mas aceitei de bom agrado. Eu e Luna começamos a caminhar pelo subterrâneo, quando, alguns segundos depois, o Minun se libertou da pokébola.

— Creio que isso se enquadre na definição de bizarro — guardei-o na pokébola novamente.

Não muito tempo depois, diria uns cinco minutos, o Pokémon saiu uma segunda vez. Já ia mandá-lo de volta quando Luna se pronunciou:

— Que fofinho, né? — acariciou a cabeça dele. — Tá certo, tem que se rebelar mesmo.

— Não estimule-o — peguei-o em meus braços, — além do mais, sugiro limitar sua preocupação aos seus próprios Pokémons, sim?

Luna fez uma expressão de desagrado e começou a andar em ritmo acelerado, quase correndo. Decidi deixar o Minun fora da pokébola por um tempo, mais cedo ou mais tarde ele teria que obedecer mesmo, e prossegui com a busca por uma saída para a superfície. Durante esse tempo, foi inevitável anotar alguns dados interessantes sobre o meu parceiro recém-adquirido.

A começar pelo seu comportamento: sempre que uma ordem lhe era feita, ou um mísero pedido, o Minun me respondia com algum escarninho, seja virando a cabeça para outro lado, fingindo que não ouve, ou retornando para a pokébola, apenas para voltar denovo. Como diabos ele consegue fazer isso? Mas não parava por aí; suas ações eram muito unusuais para um Pokémon: reclamava de dores nas costas, coçava-se com frequência e assobiava para Luna de vez em quando, coisa que ela descrevia como "fofa". Sentia que precisava pegar um dicionário, para verificar se o significado de fofura mudou completamente nesses últimos dias.

Lembro ter lido que há alguns Pokémons que demoram para obedecerem o treinador, mas casos extremo como esse só acontece em um a cada dez milhões de Pokémons. Ou seja, nas palavras do autor, "é algo que só acontece uma vez na vida de um treinador infeliz". Mas não me importava com isso, só demoraria no máximo alguns meses de convivência para ele me aceitar como treinador. Nem em meus pesadelos mais sombrios iria ajudar aquele Absol para me livrar dessa maldição. O que há de mal em apenas um Pokémon teimoso?

Capítulo 26 - O teste

Já estávamos esgotados, mas finalmente encontramos uma escada que nos levaria para a superfície. Entusiasmado, tomei a dianteira e corri para a saída. Creio ter ouvido Luna ter dito algo parecido com:

— Ei, Robin, espera!

Mas podia ser outra coisa, não sei, estava tão concentrado na luz que nem percebi o Minun voltando para a pokébola por conta própria. Subi rapidamente e me deparei com um amplo campo e algumas cabanas, cercadas por muros altos, com uma cerca elétrica em cima. Pouco tempo depois ouvi alguém se aproximando por trás, e, quando fui me virar para ver, fui surpreendido por uma pessoa alta e forte, que vendou meus olhos e me guiou para algum lugar. Ao ter a venda retirada, vi que estava provavelmente dentro de uma das cabanas, sentado em uma cadeira de madeira.

— Quem é você e como encontrou esse lugar? — questionou o homem.

— E quanto às apresentações? — tentei acalmá-lo. — Não se pode ignorar as regras básicas de etiqueta.

— Quer conhecer a galera, então? — estendeu os dois punhos na minha frente. — O da direita é o Gary e o da esquerda é o Larry; vou te mostrar o quanto eles são amigáveis.

— Tal procedimento é desnecessário, mas adorei os nomes.

Já estava pronto para deixar esse mundo, quando outra pessoa entrou na cabana. Era um homem de aproximadamente quarenta anos de idade, já com cabelos grisalhos, mas era possível notar um leve tom de preto em algumas mechas. Apesar da idade, possuia alguns músculos e parecia ser bem saudável, mesmo fumando um enorme cachimbo, que tirou de sua boca antes de dirigir-se ao homem com um grande sorriso:

— Tom, não assuste o garoto.

— Chefe, esse cara se infiltrou na base pela passagem subterrânea!

— Sim, ele veio acompanhado da Luna.

Logo após ter seu nome pronunciado, a mesma apareceu na cabana e logo se juntou à conversa:

— Tom, vejo que conheceu o Robinzinho, né?

Não lembro de ter tanto grau de intimidade com ela assim, mas de qualquer forma, eu fui introduzido ao grupo logo após a situação ter sido esclarecida. O homem forte e grande é conhecido como Tom e ele age como o guarda-costas pessoal do chefe, cujo nome parece ser, de fato, Chefe; ou pelo menos, o apelido usado por ele. Todos os membros usam algum tipo de apelido ou codenome, por terem abandonado seus nomes originais para juntarem-se à "família". Indaguei-me se deveria ter que esquecer o meu nome também; não vejo nada de errado com Robin, mesmo tendo um xará famoso pelos atos criminosos. Poderia ser alguma ironia do destino eu ter o mesmo destino que o príncipe dos ladrões?

Mas mantive essa dúvida em minha cabeça, achei melhor falar com alguém aquele bando somente quando necessário. Eles me mostraram todo o acampamento e eu conheci todos os que estavam presentes no momento; digo, "conheci", pois esqueci o nome deles em poucos segundos. Aliás, não estava nem prestando atenção em primeiro lugar. Quando achei já saber o suficiente, dirigi-me ao chefe:

— É tudo muito fascinante, mas não haveria um jeito de terminar tudo rapidamente? Pretendo continuar minha jornada o mais breve possível.

— Robin, tente mostrar um pouco de respeito, sim? — cochichou Luna.

Se ela, mais do que qualquer um, estava exigindo respeito de mim, supus que aquele homem realmente era importante.

— Ah, um jovem interessante! Exatamente o tipo que precisamos aqui — elogiou-me o chefe. — Muito bem, venha comigo rapaz.

Eu, junto com todos os presentes no acampamento, saímos do local, atravessando a floresta que o cercava, e logo encontramos numerosos Tauros pastando em um campo. Em tempos mais antigos seria estranho encontrar um Pokémon desses na região de Hoenn, mas hoje esse tipo de coisa não é tão incomum. Nos escondemos nas moitas próximas e o chefe começou a explicar o teste:

— Todos esses Tauros pertencem a um cara que vem aqui às vezes. Tentamos roubá-los antes, mas ele sempre nos pegava no flagra. Acho que você já sabe o que tem que fazer, certo? — disse, como se fosse a mais banal das trivialidades.

Como sempre, os primeiros pensamentos que me vieram à mente foram pouco importantes: por que alguém deixa seus Tauros nesse lugar, mesmo com a ameaça dos ladrões? Por que não os carrega em pokébolas? De qualquer forma, se teria que me arriscar para passar nesse "teste", devia ao menos elaborar um bom plano. Mal parei alguns segundos para analizar a situação e fui interrompido:

— Desculpe Robin, mas aqui se age antes de pensar — Luna empurrou-me para fora da moita.

Tauros são Pokémons que tendêm a ser bem temperamentais, além de seus ataques em bando serem perigosíssimos. Como o campo era bem vasto, imaginei que poderia atrair um de cada vez para fora a fim de facilitar a captura, mas logo desisti da ideia. Até porque, aparentemente, o chefe esperava que eu roubasse todos sem a ajuda de pokébolas, uma vez que ao verificar meus Pokémons para formular uma estratégia de combate, vi que todas as pokébolas haviam sumido.

Meu kit de sobrevivência estava na estalagem da cidade e não podia usar Pokémons nem pokébolas, então recorri a algumas cápsulas no meu bolso. Estava surpreso, não me lembrava de ter itens tão úteis como armadilhas, devia ter posto antes da amnésia. Fui para a floresta perto do campo e comecei a armá-las, enquanto elaborava os detalhes do plano. Finalmente, estava pronto para pegar os Tauros.

Capítulo 27 - Sucesso...

... ou seria, se o Minun não tivesse se libertado da pokébola e assustado os Tauros com um choque do trovão. Com isso, o treinador deles se revelou: uma face familiar, mas não por isso agradável.