A JORNADA DE ROBIN:

Bloco 12 - "Desastre"

Capítulo 34 - Dia do desastre, o início

Assim que Train se foi, comecei a busca por Luna. Pensei em andar na mesma direção em que ela foi e procurar por um lugar perto; uma pequena vila ou algo do tipo, com o meu PokéNav. Não demorou muito para perceber a ineficácia do aparelho para localizar lugares pequenos, então logo me vi sem rumo e já começando a ser afetado pela fadiga. Decidi usar alguns ensinamentos básicos de um livro para encontrar humanos, mas isso falhou também. Obviamente a culpa era do autor.

No entanto, encontrei uma senhora carregando algumas sacolas. Como não queria ter que acabar carregando as sacolas, decidi simplesmente segui-la. Passados alguns minutos, a anciã começou a se locomover cada vez mais depressa, até chegar a uma velocidde absurda, impossível de ser acompanhada. Virei para trás ao ouvir um barulho e deparei-me com a visão da mesma mulher avançando em minha direção, em ritmo frenético demais para permitir qualquer reação. Fui verdadeiramente atropelado por ela e mandado para os céus.

— Que coisa feia, Joaquim, seguindo os outros desse jeito — disse a senhora, pacificamente retornando ao ritmo vagaroso.

Meditava em reflexões verdadeiramente profundas e poéticas sobre a morte no meio do ar, me aproximando cada vez mais de um pequeno vilarejo. Eis que surge um Snorlax de uma pokébola e sua barriga amortece minha queda e me joga prum outro canto, onde um homem fugia com um saco de dinheiro em mãos e um outro, musculoso, o perseguia. Normalmente, as probabilidades de cair no chão e quebrar alguns ossos é bem grande, mas não no meu caso; caí precisamente em cima do homem forte e o ladrão conseguiu escapar de forma segura.

— Valeu Terry, a gente se vê no esconderijo! — disse o fugitivo, me confundindo com outro alguém.

— Droga, então você é o famoso Terry, o príncipe dos ladrões! — esbravejou o homem, ainda atordoado por causa da minha queda.

— Não, digo, não senhor! Quer dizer, não, honorável senhor! — não fazia ideia do que estava dizendo, nem podia acreditar no tamanho da fuzarca em que estava envolvido.

Pelo menos era só uma pessoa, e parecia lenta, além de estar atordoada.

— Guardas, peguem ele!

Uma multidão de homens exatamente como ele, altos, musculosos e carecas, apareceu e todos começaram a me perseguir ao mesmo tempo, como um terrível mas organizado exército. Logo me levantei e tentei escapar, mas não fui capaz disso. Enquanto era engolido pelo mar de suor dos homens, aparece minha salvadora, Luna! Ou pelo menos era o que eu esperava, mas ela pareceu não prestar atenção em mim e dirigiu-se para uma residência do local.

Não se preocupe, leitor, meu dia não acaba aí, vou precisar de mais alguns capítulos para conseguir descrever como resolvi os problemas causados pelos mal-entendidos. E não finja que está desinteressado, todos nós gostamos de ver a desgraça alheia.

Capítulo 35 - Dia do desastre, o desenvolvimento

Capturado, fui mandado para uma prisão local. Mais especificamente, para uma cela minúscula, sufocante e sem um pingo de higiene. Que absurdo, é claro que não ia aceitar essa condição sub-humana; protestei, e debati, e discordei, e discuti, e... então fui colocado em uma cela com várias figuras agradáveis. A primeira encontrava-se na forma de um sujeito forte, com óculos redondos e escuros, bigode e vestia uma camisa com um grande "N" vermelho no meio. O segundo homem usava uma camisa igual, mas era magro e parecia ser bem fraco. Antes de sequer conseguir olhar para o terceiro, o primeiro pronunciou-se:

— Ei cara, olha quem está aqui.

— Esse cara é o mesmo cara da última vez, cara? — disse o segundo.

— Cara, é sim — abaixou um pouco os óculos e me examinou —. É, certeza.

— Desculpem senhores, devem estar me confundindo — lembrei que eram os bandidos derrotados por mim e Luna no começo da jornada e logo tentei esconder meu rosto —. Estarei naquele canto, caso necessitem de meu auxílio. Mas homens grandiosos como vocês certamente não precisarão disso.

Enquanto caminhava, deparei-me com um velho que estava tremendo e parecia estar recitando algum tipo de mantra. Tinha cabelos longos, grisalhos e mal-cuidados, cujas madeixas pareciam servir de habitat para alguma criatura. De fato, tinha bastante certeza de que havia algo se mechendo, então desviei minha atenção para o último sujeito, um bicho horrendo. Não vale a pena gastar linhas com a descrição daquilo.

— Não tenha medo, rapaz — disseram em coro os dois bandidos.

— Mas... — sem me importar com o que eu tinha a dizer, eles me levaram para um canto da cela.

— Eu sou Billy — disse o mais forte.

— E eu, Kid.

"E eu, não me importo", foi o que pensei, mas continuei escutando ao discurso de Kid.

— Escuta, você tem bastante potencial, por que não sai daquele bandinho de amadores e se junta a nós?

Pensei em entrar para aquele grupo provisoriamente, fugindo na primeira oportunidade. Afinal, os companheiros deles certamente viriam para tirá-los da prisão, enquanto eu não podia confiar completamente na boa vontade de Train e Luna.

— Muito bem, vou analisar sua proposta — disse no tom mais elegante que pude —, mas vocês têm noção do número de propostas que já foram feitas para minha pessoa, não é?

— Sei sim, cara; digo, senhor. Mas nós podemos te tirar daqui, prometo! — era óbvio que ele estava desesperado.

— É de fato uma proposta tentadora, eu realmente não pretendo ficar nessa pocilga por mais um minuto sequer.

— E não precisa, nossos camaradas já estão vindo.

Assim que Kid disse isso, ouvi um tumulto do lado de fora. O vilarejo parecia estar em grande desordem, talvez alguém o estivesse atacando.

— Presumo que seja obra de seus companheiros?

— Não disse que eles iam nos tirar daqui?

E o tulmuto se prolongou por vários minutos.

— Bem, eles têm que garantir que possamos sair com segurança — tentou explicar-se Kid.

Mais minutos se passaram.

— Paciência é uma virtude...

Aproximadamente meia hora se passou e o tulmulto cessou-se, sem nenhum sinal de ajuda. Enquanto andava desolado pela cela, vi o Minun saindo de sua pokébola para o lado de fora, onde andou até uma cadeira. Com um certo esforço para alcançar algum objeto, ele conseguiu pegá-lo após algumas tentativas e trouxe consigo as chaves. Ao mesmo tempo que fiquei feliz, me senti levemente idiota por não ter pensado em fazer isso antes.

— Cara, essa foi boa — congratulou-me Billy.

— Como esperado do grande... — interrompi Kid no meio da frase e peguei as chaves.

Saímos de lá, esperando encontrar a vila em caos, mas ficamos bem surpresos com o que encontramos; todos estavam em suas casas, somente uma pessoa estava de pé. Ela estava muito longe para podermos vermos quem era, o máximo que podíamos ver eram alguns homens fugindo na nossa direção.

— Saiam da frente! — disseram em coro.

No meio do caos, aproveitei a chance para escapar, mas Billy pegou-me pelo braço e tive que fugir junto com eles. Mas do quê? Não demorou muito para saber; avistamos um jovem de cabelos longos e roupas rasgadas, pacificamente nos esperando fora do vilarejo com um fone de ouvido e um Typlosion ao seu lado.

— Eu deixo vocês saírem sem nenhum arranhão — olhou para o mais forte deles, coberto por queimaduras, que retornou com um olhar de medo —; digo, nenhum além dos que o Blaze já fez, se me entregarem o Terry.

Volt? Blaze? Honestamente comecei a questionar os nomes que Train dava aos seus Pokémons. De qualquer forma, o grupo não pensou duas vezes antes de fugir, não querendo me perder.

— Terry, você consegue dar conta desse aí, né? — disse o homem musculoso enquanto corria. — Tudo bem, deixaremos por sua conta!

Talvez eles não estivessem tão interessados em me manter... espera, Terry? Esse Terry de novo? Não me diga que mesmo Train está me confundindo com ele?

— Finalmente vamos batalhar de novo, Terry.

Pois foi isso mesmo.

— Espera, eu sou o Robin — Train pareceu não ter ouvido e jogou sua pokébola, liberando um Typlosion.

Já que a situação havia se desenvolvido dessa forma, decidi testar as habilidades dele eu mesmo.

Capítulo 36 - Dia do desastre, a batalha

— Hmm...Typlosion, então eu escolho o Marshtomp — liberei o Pokémon da pokébola.

— Ótima escolha.

— Então que o embate comece — analisei brevemente o adversário e prossegui —. Use jato d'água!

— Blaze, evasiva e dia ensolarado!

Marshtomp quase atinge o Typlosion, mas o mesmo se esquiva e começar a surgir um sol ardente, tornando o clima do deserto ainda mais insuportável.

— Você pretende usar o dia ensolarado para aumentar a potência de seus ataques de fogo?

— Talvez.

Ele já sabia que estava em desvantagem e usou esse ataque para igualar a situação. Não só seus golpes ficariam mais fortes como Marshtomp ficaria cansado mais facilmente, dando chance para um ataque final. Uma tática previsível, esperava algo mais elaborado. Sabendo disso, decidi ir com uma estratégia que pensei contra oponentes assim.

— Agora Marshtomp, use investida!

O Pokémon começa a correr em direção de Blaze e o atinge, lançando-o para trás.

— Blaze, lança-chamas! — Blaze recupera-se rapidamente graças aos efeitos do dia ensolarado e usa o lança-chamas diretamente em Marshtomp.

Aproveitando a vitalidade de Marshtomp, continuei na ofensiva:

— Evasiva e bomba de lama!

Typlosion não teve como evitar o atque e leva os ataques de Marshtomp, fazendo um grande estrago... ou foi o que imaginava. Ainda enlambuzado pelo ataque, ele se locomove rapidamente para trás do meu Pokémon.

— É agora, raio solar!

— O quê!? Rápido, evasiva.

Tarde demais, o Marshomp tomou o dano inteiro do ataque e custou-se a levantar, afetado pela fadiga. Eu não esperava que a vitalidade recebida pelo dia ensolarado fosse tão grande e nem que o Marshtomp fosse ficar cansado tão cedo. Mas ainda não estava acabado.

— Use jato d'agua!

— Use Explosão focalizada!

O ataque passa pelo jato d'água e atinge o Marshtomp, causando uma grande explosão em seguida. Por incrivel que pareça, ele ainda estava de pé.

— Que sorte... — blefei, tentando disfarçar o meu plano.

Train fitou-me com um olhar cético, desconfiando de alguma coisa. Mas não era possível, não tinha como ele descobrir meu plano.

— Você usou a bomba de lama e tentou me convencer de que estava perdendo a luta, me fazendo usar ataques de fogo para deixar a lama no corpo do Typlosion mais dura. No final, você pretendia lançar alguma combinação de golpes no meu Pokémon com os movimentos mais lentos, não é?

Olhei para ele, perplexo. Como ele sabia disso?

— Vai usar a mesma tática da última luta? Definitivamente não é o Terry. Quem é você, farçante?

— Mas eu já lhe disse que sou o Robin...

Ignorando-me novamente, Train lançou uma ordem:

— Blaze, use o dia ensolarado.

Ao seu comando, o sol pareceu mais e mais escaldante, endurecendo completamente a lama do corpo de Blaze. Com isso, ele se soltou, parecendo mais forte ainda.

— O que achou dessa, farçante?

— Você não fez mais do que eu já esperava. Além disso, eu sou o Robin.

Bem do lado do Typlosion, Marshtomp já estava em posição de ataque.

— Agora, jato d'água!

O ataque atinge Blaze e faz um grande estrago nele. Por causa do dia ensolarado, suas chamas estavam ainda mais fortes, ou seja, mais frágeis à agua.

— Talvez você não seja tão ruim, farçante. Mas já deu uma olhada no seu Pokémon?

De fato, Blaze já tinha tomado um grande dano, mas meu Marshtomp estava exausto. Provavelmente exausto demais para realizar um jato d'água novamente. Train também percebeu que o calor do sol estava ficando mais fraco. Só havia uma coisa a fazer: atacar com tudo.

— Agora, investida! — dissemos os dois.